Muito se fala atualmente que os jovens da geração Y e Millenials são inconstantes, impacientes, imediatistas e não se prendem com nada. Essa noção dos jovens pode ser claramente percebida no discurso dos mais velhos, seja no ambiente empresarial ou em outras esferas da vida. Trata-se de um choque de mentalidades que se deve, em grande parte, a uma miopia dos mais velhos, incapazes de se descolar de antigos conceitos e pressupostos, e perceber que esses jovens foram criados em um mundo completamente diferente do mundo de seus pais.
É fato que as novas gerações são mais impacientes, mas considerando que foram criadas num mundo que sempre lhes apresentou tudo pronto, tudo disponível com um toque, sua relação com o tempo nunca poderia ser igual a das gerações anteriores.
Também é fato que não se conformam com modelos que não fazem sentido para eles, que buscam propósito naquilo que fazem, o que faz com que se tornam mais exigentes e insatisfeitos. Ora, aquilo que faltou para as gerações anteriores, não faltou para as novas, e as pessoas tendem a buscar sua realização a partir daquilo que lhes faltou. Assim, essas novas gerações não buscam apenas suprir necessidades básicas (segurança, estabilidade financeira etc) e sim necessidades mais sofisticadas, alinhadas a valores como solidariedade e realização intelectual. Esses valores nem sempre são valorizados nos ambientes de trabalho, e por isso os jovens tendem a mudar com maior frequência.
Um psicólogo ou orientador profissional tem de estar muito atento aos determinantes sociais sob os quais seus pacientes se desenvolveram. Caso não estejam atentos, correm o risco de multiplicar estereótipos simplistas que não auxiliam em nada seus pacientes.
Em relação aos mais velhos, cabe apenas uma reflexão: Se vocês tivessem 20 anos hoje, será que seriam diferentes dos jovens que tanto criticam?